domingo, 20 de outubro de 2013

terça-feira, 9 de julho de 2013

VIDA HOMENAGEM VIVA

O Presidente da Academia Acreana de Letras, confirma a convocação deste Sodalício, para participar hoje, dia 10.07.2013, às 17 horas, no auditório da Assembleia Legislativa do Acre, da Sessão Solene, com Panegíricos, dedicada aos Confrades Francisco Thaumaturgo e Manoel Mesquita, convidando para o mesmo ato os familiares, amigos e conhecidos dos homenageados que, para sempre, continuarão honrando este Silogeu e à arte literária da vida.

Fraternalmente,


Clodomir Monteiro da Silva
Presidente da AAL



Rio Branco, 10 de julho de 2013

DISCURSO DE FRANCISCO THAUMATURGO

V. EXCIA. É UM AUTÊNTICO ACREANO[1]


“Fazemos votos que o vosso governo gere a paz para que possa haver trabalho e com este, possa gerar recursos tão necessários ao bem estar do povo. Aceitai, Exmo. Sr Jorge Kalume, as homenagens da oposição.”

Estas foram as palavras finais da oração pronunciada pelo deputado Francisco Thaumaturgo, em nome da bancada do Movimento Democrático Brasileiro, por ocasião da posse do deputado federal Jorge Kalume, no cargo de Governador do Acre, em sessão solene realizada na Assembleia Legislativa. O discurso proferido pelo deputado Francisco Thaumaturgo obteve grande repercussão nos meios políticos, dada a sobriedade e pontos de vista expendidos pelo orador.

A oposição representada pelos deputados que integram a bancada do MDB, com assento na Assembleia Legislativa, comparece hoje a essa casa para assistir a posse de V. Excia. no cargo de governador eleito pelo voto indireto.

Talvez nosso gesto sugira aos menos avisados, comentários os mais divergentes uma vez que a esta casa não nos fizemos presentes quando da realização da sessão, na qual procedeu-se a eleição cujo resultado, embora sabido de antemão, proclamou o nome de V. Excia. como eleito.

Segundo nosso entender, um caso difere fundamentalmente do outro, embora interligados. Naquela ocasião, cumprimos instruções da direção nacional de nossa organização partidária, com a qual concordamos por motivos vários.

O MDB, determinando o não comparecimento das bancadas estaduais às Assembleias, no pleito indireto, para a escolha dos governadores, cumpria missão histórica, erguendo na oportunidade e daquela forma, seu protesto ao expediente de afastar-se o povo da manifestação nas urnas para a escolha dos seus governantes.

Quanto a nós, regionalmente, essa essência daria ensejo que se a eleição se processasse à vontade, com a participação de um só bloco partidário, sem que criássemos quaisquer óbices, uma vez que o candidato era um “autêntico Acreano”.

Com esse gesto estávamos aceitando uma situação de fato, tomando por norma aquele velho conceito de que “a política é muitas vezes a arte de escolher entre o mau e o sofrível”.

No atual sistema político partidário instaurado em nossa Pátria, foi o próprio governo de após revolução, que nos garantiu o direito de existir como organização partidária, e estribados neste direito, é que aqui estamos, presentes à posse de V. Excia., em reverência a vosso nascimento e com o intuito de fixar nossa posição política, frente ao governo que se instala.

Somos pois, oposição, dentro do esquema político do Estado, mas queremos deixar bem claro que levamos muito em conta, que V. Excia. é, repito, um autêntico acreano, assim sendo, merece tratamento  diferente do que vinha acontecendo.

Saúdo pois V. Excia. em nome do Movimento Democrático Brasileiro, em nome dos meus companheiros de bancada, pela investidura hoje nesta casa, no cargo de Governador do Estado do Acre e do seu povo. Para ser franco, sinto-me desencorajado para felicitá-lo por este acontecimento. A esta hora já V. Excia. tem conhecimento da herança que lhe põem nas mãos e a tremenda responsabilidade que vai lhe pesar  sobre os ombros.

Peço a Deus que V. Excia. tenha as forças necessárias para encontrar o caminho certo para levar o Acre aos seus reais destinos.  Não “em termos de milagres, mas fazendo aquilo que represente o sonho dos acreanos, isto é, realizando o indispensável para que se restaure, para sempre, na alma do povo, a confiança nos seus governantes”.

Propositalmente parodiei trecho da carta que V. Excia. dirigiu ao ilustre deputado Omar Sabino de Paula, publicada no jornal O IMPARCIAL, que se edita nesta capital, cujos conceitos ali emitidos, calaram bem em nossas almas. Especialmente quando manda escoimar da programação da posse “qualquer homenagem que significassem gasto e ostentação no  propósito de ver cumprido tal determinação”.

Afirmou ainda “não posso e nem devo permitir finas iguarias dos bons banquetes, quando sei que em milhares de honrados lares, tenras criancinhas e  desalentados pais, sofrem as maiores privações”.

Esperamos que um profundo sentimento de humanismo tenha ditado aquelas palavras e que tal disposição seja constante no vosso governo, pois se assim o for, já de antemão  pode V. Excia. contar com nossa contribuição, dentro das possibilidades de uma  oposição construtiva e bem intencionada. Que sempre gozou nossos atos no panorama político administrativo do Estado. Estaremos sempre dispostos a apoiar tudo que V. Excia. desejar fazer, em que esteja em jogo os altos interesses do Estado e as urgentes e necessárias medidas que visem melhorar a situação do povo acreano.

Tem V. Excia. uma urgente e imediata tarefa! A de realizar o governo ao povo que se encontra dissociado. Não impondo à força uma ordem irrefletida e falha, e sim, uma ordem “que se reflita na natureza do nosso povo e sempre com o elevado intuito de reconciliar todo mundo dentro da comunidade”.

V. Excia. deste momento em diante, é o chefe do Poder Executivo. Autoridade máxima do Estado, com funções elevadíssimas de coordenador, também, das funções administrativas e representativas. Podendo, portanto,  promover e orientar a política legislativa. V. Excia. pois, é quem vai ditar o comportamento na Assembleia Legislativa. Assim, aguardaremos tranquilos os dias que vêm,  para então modificar ou não esse nosso comportamento.

Não querendo mais alongar minhas palavras, renovo a V. Excia. nossas saudações ao novo Governador do Acre, fazendo votos que vosso Governo gere paz para que possa haver trabalho e com este, se possa gerar recursos tão necessários ao bem-estar do povo.

Aceitai, Exmº. Sr. Jorge Kalume, as homenagens da Oposição.


[1]Pesquisa e digitação de Clodomir Monteiro. Transcrição na íntegra do discurso  do Deputado Francisco Thaumaturgo, por ocasião da posse de Jorge Kalume como governador do Acre. Com chamada de  primeira página, e na integra à pagina 2 do Jornal O IMPARCIAL, do dia 24.9.1966, Nº 07, em Rio Branco. Semanário, Editor Secretário, José Chalub Leite,  Diretor Responsável, Ubirajara Omena. 

segunda-feira, 1 de julho de 2013

HOMENAGEM PÓSTUMA E IMORTALIDADE

A arte do amor, da justiça e da verdade são as tintas com as quais cada ser humano escreve seus melhores trabalhos espirituais no humano, e o humano no espiritual.

Clodomir Monteiro
Presidente da Academia Acreana de Letras
28.06.2013

A celebração com panegíricos aos confrades e confreiras da Academia Acreana de Letras, com residências transferidas para outro endereço, com certeza inefável em paraíso não perdido, é conhecida como Homenagem Póstuma, geralmente aplicável por outros sodalícios. Guarda relações comuns às de várias associações públicas e privadas, e, contudo, oferece uma característica especial, especificamente, no que a torna fascinante e desejada: a imortalidade.

Mas como falar em homenagem póstuma a imortais. Homenagem Póstuma para dar plausibilidade à vida sem sentido se finita aqui, no cotidiano. Nela recordamos do homenageado suas qualidades éticas, morais e espirituais explícitas, indiscutíveis ou presumíveis, que dependendo da dimensão social, quanto ao impacto do tempo, fisicamente vivido na manutenção ou modificação do mundo que o precedera.

Póstuma por repercutir apenas após a contemporânea e passada existência, ela, não necessariamente anuncia ou postula sua continuidade. É só um registro, deferência, ou prova de que a jornada do homenageado vai ficar congelada por alguma breve fração de tempo, num futuro deverá ser retomada. A postumidade ou posteridade das obras do deferenciado, no caso do silogeu, não terminou, rigorosamente, pois quem homenageia jamais o retirará de seus registros e história. A homenagem no caso detém outro tipo de configuração. A principal característica do então homenageado em sessões solenes é a mesma que o acompanhou nesta fantástica usina filogenética. Não é apenas a vida real, concreta, da duração biológica, que enseja as homenagens, mas estas serão diametralmente proporcionais ao impacto deixado. Contudo, por mais que a ponderabilidade biográfica possa permitir avaliações diferenciadas, jamais determinará a exclusão dos panegíricos. Estes simbolizam a fusão entre criatura e criador, de tal magnitude, que sempre o biográfico perdurará.

Os homenageados desta tarde noite de 10 de julho de 2013, Francisco Thaumaturgo e Manoel Mesquita, adquiriram desde sua inscrição no tempo cronológico, ou não, mas desde sua eleição de ingresso e posse, merecendo ou não, a posteridade interminável, permanente. Ao seguir sua viagem natural, a cultural mais se evidencia e, dependendo de variáveis favoráveis, mais vivos ainda serão que suas próprias biografias. A bibliografia revestirá a outra bio, de um escudo protetor construído pelo cultivo maravilhoso da cultura, quanto ao reconhecimento de qualidades tangíveis, e, principalmente intangíveis adquiridas e desenvolvidas com habilidade e dedicação por esses membros portadores da imortalidade do espírito humano. Mesmo que as biografias, ou bibliografias estudadas, vierem a toldar ou relativizar, reciprocamente, sob a lupa de critérios filosóficos ou estéticos, uma à outra, os premiados portadores de cadeiras jamais as perderão. Ao contrário, além de ser quase impossível, e em matéria de criação imaginária o próprio quase confirma seu oposto, como homenagem permanente, pois o póstumo jamais existirá.

Por ironia, ou incongruente, que aparente, na verdade toda homenagem póstuma anula a próxima homenagem póstuma, por mais que a queiramos repetir no futuro. Passado, presente e futuro permanecem na memória da Academia Acreana de Letras, e cada geração de novos escritores ou leitores garantirá a ininterruptibilidade das linhas verticais e horizontais, das nominatas de patronos, fundadores e sucessores.

Contudo, confirmando a imortalidade especial do acadêmico das artes, e em especial, o da Academia Acreana de Letras, a cada Panegírico que realizamos, mais se consolida a vida. O que poderia ser apenas saudade ou submissão à falta de sentido ou de plausibilidade da existência, passa a ser a garantia de que não apenas o homenageado permanece em sua cadeira, mais vivo que nunca, ao receber na mesma ordem numérica, novo parceiro do imaginário poético que nos faz espécie única, mas não desconectada das demais. Ante, durante, sua efetividade, e depois, terá sempre o homenageado a sua merecida emulação. Na vida, discurso e obra de seu sucessor, em mais uma vaga da poltrona em que vai se transformando cada cadeira solitária da Academia Acreana de Letras.

Mas então, qual a necessidade da realização destes panegíricos? Eles amolecem os corações dos mais rebeldes, coloca mais um manto de consolo e gratidão dos personagens queridos de suas biografias, e provam a todos que a função da Academia não cumpre apenas demandas de vaidade, políticas ou busca de poder. Levam-nos a concluir que o espírito acadêmico pode ser vivido em cada uma de novas vidas, sendo nós mesmos os contos, romances, poemas e grandes clássicos da literatura universal. A arte do amor, da justiça e da verdade são as tintas com as quais cada ser humano escreve seus melhores trabalhos espirituais no humano, e o humano no espiritual.

ACADEMIA ACREANA DE LETRAS

O Presidente da Academia Acreana de Letras CONVOCA excelentíssimos e excelentíssimas confrades e confreiras para a Assembleia Geral Solene: DIA 10.07.2013, LOCAL: AUDITÓRIO DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ACRE. HORARIO: 17 HORAS
                              
Aclamo a Assembleia com Panegíricos, chamada para 26 de junho, e antes, agora a 10 de julho às 17 horas no Auditório da Assembleia Legislativa, a nossos confrades Francisco Thaumaturgo e Manoel Mesquita que brilham entre brilhos reluzem nas escritas deste sodalício, Participemos vamos somos estribilhos

... qual a necessidade destes panegíricos?
 Eles amolecem os corações dos mais rebeldes,
 colocam mais um manto de consolo e gratidão dos personagens queridos de suas biografias,
 e provam a todos que a função da Academia não cumpre apenas demandas de vaidade, políticas ou busca de poder.
 Levam-nos a concluir que o espírito
acadêmico pode ser vivido em cada uma de novas vidas, sendo nós mesmos os contos, romances, poemas e grandes clássicos da literatura universal.
A arte do amor, da justiça e da verdade são as tintas com as quais cada ser humano escreve seus melhores trabalhos espirituais no humano, e o humano no espiritual.


Clodomir Monteiro                                
Presidente da AAL 
28.06.2013

sexta-feira, 31 de maio de 2013

TERMO DE TRANSMISSÃO DE CARGO

ACADEMIA ACREANA DE LETRAS
CASA DE PAULO BENTES
FUNDADA EM 17/11/1937
Reuniões às Quintas-feiras – 15 horas
Funcionando, provisoriamente, no Conselho Estadual de Educação
Rua Manoel Cesário 19 – Bairro da Capoeira
http://www.academiaacreanadeletras@gov.br


Aos seis dias do mês de maio do ano de dois mil e treze, às dezessete horas, eu CLODOMIR MONTEIRO DA SILVA, passo a Presidência da ACADEMIA ACREANA DE LETRAS (AAL), à Excelentíssima 1ª Secretária Robélia Fernandes de Souza, devido meu deslocamento para Porto Alegre e São Sebastião do Caí, Estado do Rio Grande do Sul onde tratarei de assuntos relacionados às comemorações dos Brilhantes 75 anos de Fundação deste Silogeu.

 
Rio Branco, 6 de maio de 2013

CLODOMIR MONTEIRO DA SILVA
Presidente da Academia Acreana de Letras

quinta-feira, 28 de março de 2013

SÍMBOLOS, LETRAS, JUSTIÇA E VIDA


Clodomir Monteiro
Assembléia Solene no Palácio da Justiça do Acre
Encerramento das Atividades da AAL
9.12.2008


Excelentíssima Desembargadora Izaura Maria Maia de Lima, o que marcaria o essencial no símbolo da justiça ao lado do símbolo literário enquanto arte?

Da arte de todos os tempos? Vejamos o significado de moderno, atribuído a Baudelaire. Para ele, modernidade é “o transitório, o fugidio, o contingente, do qual a outra metade é o eterno e o imutável”, que, segundo entendo, seria “a raiz das raízes”, “o conteúdo místico da arte”, elemento essencial da afinidade existente entre as obras de arte de todos os tempos, como nos diz Kandinsky.

Num trabalho sobre Baudelaire e Delacroix, Leyla Perrone-Moisés comenta: “o que Baudelaire chamava (“ Le peintre et la vie moderne”, 1893) aí modernidade não era um determinado momento histórico, mas apenas o momento contemporâneo de qualquer pintor, fosse ele renascentista ou oitocentista. Mas como, no mesmo estudo, ele aponta aspectos essenciais de seu próprio momento histórico, a palavra modernidade aí acaba por ganhar um significado específico.”

Mas como pelo menos esboçar a relação simbiótica da AAL com o Tribunal de Justiça do Acre, e mais particularmente, o recente Museu com que esta casa seguidora, protetora e produtora da Justiça, costura a essência de sua substantividade, com a história e preservação ética e estética do Acre e da humanidade?

As considerações inspiradas a Baudelaire por reflexões de Delacroix (reconhecido, a partir de Baudelaire, como o grande pintor do Romantismo), em suas Questions sur le beau e Les variations du beau, nos estimulam a passar através de várias “modernidades”, se tivéssemos tempo. Até chegarmos neste século e nesta casa, neste final de atividades de mais um período administrativo. Imediatamente pensamos nos símbolos destas duas casas e tudo o que com eles está implicado. Principalmente a possibilidade de vivermos um tempo de renovação de símbolos. Exercício próprio aos afeitos a buscar no passado lições ainda atuais para hoje. Repito, este momento aproxima o Tribunal de Justiça e a AAL, aparentemente distantes, mas ambos com a essência da ética e da estética, ambos em uma prática de simbiose histórica entre os militantes de cá e de lá, em muitos casos os mesmos militantes.

O símbolo não é apenas arbitrário, vai nos afirmar o escritor e crítico Antonio Olinto: é também frágil. Joyce Cary insistia nessa fragilidade como elemento importante no esforço de renovação que todas as formas de expressão empreendem ao longo dos tempos. O símbolo é frágil, mas toda educação repousa sobre o dogmatismo dos símbolos, a tal ponto que a menor das novidades provoca protestos. É o tipo dogmático do ensino que, nos últimos séculos, vem destruindo a intuição natural da criança. Pode-se discutir sobre se o desaparecimento dessa intuição haja sido, ou não, um bem, mas, do ponto de vista da conquista de uma linguagem cada vez mais viva, a simbologia precisa de contínuos reaferimentos e renascenças. Toda arte usa símbolos, diz ainda Cary, e a II Guerra Mundial começou ao redor de símbolos. Os preconceitos, raciais, religiosos ou políticos, se nutrem de símbolos e, por sua vez, alimentam esses mesmos símbolos.

Cada vez que um homem, descontente com os símbolos que o cercam, tenta criar outros - e escreve uma obra diferente, ou pinta um quadro impressionista em 1870, ou faz um poema como Rimbaud, ou ergue um Ulisses como Joyce, ou reestrutura a sua língua e sua linguagem como Rosa, ou amplia as possibilidades de expressão de um filme como Antonioni - está lutando contra a falta de sentido dos velhos símbolos e levantando toda uma série de símbolos novos.

A história do mandarim que, diante de um quadro de Gainsborough, levado à China por um embaixador inglês, ficou admirado de que as damas inglesas andassem com um lado do rosto sujo, e mais admirado ainda quando soube que aquele marrom escuro de uma face queria indicar sombra, revela o espanto de todo homem, acostumado a seus símbolos, quando posto diante de outros, e, mais do que o espanto, a incompreensão. Assim agiu Albert Wolff, crítico de "Le Figaro", em 1875, ao chamar Renoir de "lunático" e "louco". 

Imaginemos um dos mais conhecidos símbolos da Justiça. A Balança. Bastando em si, para indicar que o portador se trata de advogado ou algo relacionado ao Direito e a Justiça. Mas o que não é tão popularizado é a origem desse símbolo. Originalmente, a balança simbólica, nunca está isolada, mas acompanhada de uma espada e sustentada por uma imagem feminina. 

Essa figura feminina é a deusa grega Diké, filha de Zeus e de Thémis, que, de olhos abertos, segurava, com a mão direita a espada e, com a esquerda uma balança de dois pratos. A balança representa a igualdade buscada pelo Direito e a espada representa a força, elemento inseparável do Direito.

Note-se que a Deusa Diké, originalmente, não estava vendada e sempre tinha os olhos bem abertos para distribuir a Justiça empregando a força das Leis contra seus opositores. Contudo, no século XVI, por invenção de artistas alemães, ironicamente, foi-lhe vendados os olhos, retirando-lhe a visão.

Hoje, não é raro encontrar imagens da Deusa sentada e, também ironicamente, atribuir tal posição ao cansaço pela espera de desfechos das causas ante a lentidão processual que, infelizmente, ocorre.

Deixando de lado, a plástica conferida pelos artistas à Diké, voltemos ao ponto da Balança:

Ao poeta, romancista, contista, cronista se lhe pedimos equilíbrio, harmonia entre conteúdo e forma; pedimos ética. Ninguém admitirá do escritor apenas o estabelecimento da injustiça. No plano da moral, seria também injusto, não despertar emoções.

O direito colhe de todas as artes, e por estatuto, da imaginação criativa e criadora a repetição de símbolos desgastados. É pela qualidade de escritor já comprovada que Cristóvão Tezza colhe hoje de toda a imprensa especializada ou não tantos prêmios, O Filho Eterno. Ele conseguiu atravessar o perigoso limite entre a realidade e a ficção.

Assim a pergunta colocada no inicio está respondida. De fato juntando o Kairós, o próprio Filho de Deus, expressando o símbolo máximo, tempo, ética e estética, podem voltar ao passado e lá aprenderem se robustecerem, como o faz Giovanni Reale, com o SABER DOS ANTIGOS, a terapia para os tempos atuais.

A AAL vai além dos símbolos permanentes dos clássicos escritores, estes são recriados em símbolos da modernidade, daquela que Baudelaire expressou em sua obra, daquilo que o Direito vem criando, quando vai além da ciência jurídica, Este Tribunal é nos um bom exemplo. O museu desta casa contém tantos símbolos atuantes, que chego a relativizar um pouco a certeza de Antonio Olinto ao afirmar que os símbolos são frágeis e envelhecem logo.

Saibamos nós fazê-los renascer com vigor visando um mundo sempre melhor.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

NOTA DE PESAR


A ACADEMIA ACREANA DE LETRAS, irmana-se às declarações de pesar pelo falecimento, sábado, dia 16, do acadêmico FRANCISCO THAUMATURGO, antepenúltimo fundador, incisivo e elegante orador, deste Sodalício, por mais de uma década seu Diretor. A imortalidade acadêmica vem de dimensões que caracterizam sua arte, história e espiritualidade, que incluem e vão além da biológica e social. Assim, sentimo-nos agradecidos e iluminados pela vida e obra do confrade Francisco Thaumaturgo, com sinceros sentimentos manifestados à família e amigos.

Rio Branco, 18 de fevereiro de 2013.

Clodomir Monteiro
Presidente da AAL