terça-feira, 5 de maio de 2009

A ACADEMIA, OS BENS SIMBÓLICOS E OS DOIS TERRITÓRIOS


Por Clodomir Monteiro (Presidente da AAL)

As comemorações dos sessenta e seis anos da Academia Acreana de Letras terão seu início na noite do dia 15 de novembro, durante o Sarau da Casa da Gameleira.Alguns escritores estarão lançando seus livros e, entre eles, o autor deste artigo, e o laureado poeta, de Sena Madureira, Jorge Tufic.
No dia 17 de novembro a partir das 9 horas,em sua sede provisória, em assembléia extraordinária, a AAL estará escolhendo os sucessores de onze cadeiras vacantes. No dia seguinte, a partir das 19 horas, no Teatro Helio Melo, com convidados e autoridades presentes, entre eles o confrade historiador Leandro Tocantins, a AAL apresentará os novos acadêmicos e aprovará os atos e documentos que a tornarão pessoa jurídica de direito. Na ocasião serão entregues diplomas a vários acadêmicos.
A AAL é igual e diferente das outras.Ela reflete seu ethos e atua sobre o mesmo. Filtrando as tendências da época, como instituição,e através do desprendimento de seus membros, ela deverá ser espelho e farol.
Deve manter – se virtualmente integrada ao mundo e, localmente, congregar os membros efetivos para aprofundar, em suas sessões, a compreensão das tendências contemporâneas, bem como rever para decifrar a produção regional e universal.
É permanente a cooptação das novas safras de autores, através do recurso legítimo da escolha secreta ou aberta, e democrática, daqueles que despontam, ou tardiamente reconhecidos, à altura de serem paradigmas de expressão estética em língua portuguesa. Sem descuidar de interagir com as múltiplas expressões artísticas.
A AAL não escusará manifestar – se, sempre que houver discriminação e constrangimento das liberdades coletivas e individuais. O que teria movido aqueles quatro amigos a registrar,no dia 15 de janeiro de 1938, os primeiros instituintes da AAL do Acre? Apenas para que a criança não desaparecesse , pelo menos do papel?
A resposta talvez esteja na perspectiva dos parágrafos acima.Ou seja, eles estavam acreditando na verdade insofismável da vocação do homo sapiens demens. Como sabemos somos filhos da ferramenta essencial de toda arte mental: o símbolo. A razão e o delírio nos constituem e nos consomem. Amanajós Araújo, Paulo Bentes, José Barreiros e Felipe Pereira, apostaram na eficácia dos bens simbólicos, repletos de lógica e emoção.
A AAL é uma instituição que tem história. Se for estruturada e apoiada pelos órgãos públicos, ela terá condições de promover conferências, publicar, e republicar, obras que, atuando no e com o imaginário, colaborará para aprimorar a apreensão dos padrões básicos da expressividade humana.Seria bom que a AAL participasse da vida cívica, desempenhando funções nem sempre manifestas, por seus próprios membros e analistas culturais. Como farol, não deixará de orientar por onde deve caminhar a identidade artística.
Cabe–lhe absorver os novos tempos, que hoje pedem o resgate de sua história, reestruturação de seus quadros, convalidação de atos anteriormente praticados por ela.A eleição dos futuros ocupantes, na posição três, das onze cadeiras dos imortais vacantes, consolida a tradição das academias, tornando a nossa igual às outras, com a peculiaridade de possuir um quadro especial de quatro cadeiras honoríficas.
A assembléia para convalidar o passado e garantir a identidade jurídica desde lá, e doravante, ratifica momentos decisivos. Em 1937 a criação da AAL, em 1967, em sua maioridade trintona festiva e testemunhal, ganhou dos acadêmicos deputado Francisco Thaumaturgo e governador Jorge Kalume, o direito de intitular-se de Utilidade Pública. Em 2003, na noite solene do dia 18 de novembro, encerrando os festejos dos 66 anos, a AAL deverá conquistar sua personalidade jurídica.
Não foi por acaso que os fundadores da AAL escolheram o dia 17 de novembro e não outro. A completude de um povo, como estado ou nação, configura-se através da ocupação de dois espaços. O geopolítico e o cultural. Embora ambos se impliquem, cada um tem suas peculiaridades que os agregam. São dois territórios que preencheram os requisitos para nossa plena autonomia.Histórica e cotidiana. Se não há nação sem povo e território, não haverá a primeira sem sua identidade.
A assinatura do tratado de Petrópolis, há cem anos, marcou simbolicamente a posse territorial.O espaço da identidade acreana, e universal, pode ter relações diretas com a fundação da AAL. Daí nossa alegria em termos também ,conosco, nas duas comemorações,nosso acadêmico, um dos fundadores da AAL,nos dois territórios, Leandro Tocantins.
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